EAAD
Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho
Procurando a constituição de uma visão alargada sobre aqueles que podem ser os contributos da arquitetura na resposta à atual crise da habitação, durante o 1º semestre do ano letivo 2023 | 2024, três unidades curriculares do Mestrado Integrado em Arquitetura da EAAD-UM desenvolvem experiências de projeto que procuram respostas comprometidas com os temas da ambiente e da sustentabilidade, das relações entre a casa e o espaço público, do envelhecimento da população e da construção a custos controlados.
Ideas
ATELIER de Sustentabilidade
Pedro Bandeira
Dedicado ao tema do habitar este atelier procura, num quadro de sensibilidade ecológica, pensar questões técnicas, mas também culturais em prol do ambiente e sustentabilidade. Assumindo a complexidade do tema, procura-se uma multiplicidade de respostas em programas diversos propostos por alunos. Enfatiza-se, deste modo, um “habitar de proximidade” construído a partir de um sentido crítico, com a ambição de repensar os seus modos de vida. Da diversidade de programas (reabilitação ou construção de raiz) destaca-se, por exemplo, a habitação para coletivos domésticos, idosos, ou jovens estudantes, reinventando a oferta tipológica oferecida pelo mercado.
Atelier de Espaço Público: Recuperar a Proximidade, Expandir a Casa
Ivo Oliveira
Dedicado ao tema do Espaço Público e procurando refletir sobre o seu contributo na resposta aos desafios do habitar, desenvolve-se um exercício de projeto em 3 bairros da cidade de Braga construídos nas décadas de 80 e 90. São conjuntos residências nos quais predominam edifícios de habitação coletiva em altura que, do ponto de vista da organização da casa e do sistema de espaços comuns, repetem modelos genéricos. Edifícios que se suportaram num sistema de ruas dominado pela presença do automóvel que, do ponto de vista da sua organização ou vocação, se reduziram à missão infraestrutural. A partir dos quotidianos da rua e do seu cruzamento com os da casa ou procurando na rua respostas às lacunas da casa, pretende-se que através de um exercício de projeto individual os estudantes revelem um novo espaço público. Um espaço público no qual se reequaciona a presença do automóvel parado ou em movimento e para o qual se revindicam rotinas hoje cada vez mais circunscritas ao espaço íntimo da casa. Um espaço público que valoriza o solo mineral, mas que atribui grande potencial ao que é permeável, ao que respira, ao que é da nossa espécie e das outras espécies. Um espaço público que ao recuperar sistemas de proximidade expande a casa.
Atelier de Programas Emergentes
José Capela
Dedicado à habitação, propõe-se aos estudantes elaborar um projeto para um de dois concursos internacionais:
Beyond Isolation: Senior Housing e Los Angeles Affordable Housing Challenge
Propõe-se a experiência de uma metodologia de raiz modernista, "do particular para o geral", numa sequência de etapas:
(1) elencagem de ações quotidianas através da observação de famílias nas suas casas;
(2) criação de “dispositivos ideais” para cada ação;
(3) criação de “dispositivos de interconexão” dos espaços destinados às diversas ações;
(4) tradução da investigação no desenho de espaços habitacionais;
(5) implementação do projeto num espaço concreto.
Em todas as etapas, são consideradas a intermediação entre interior e exterior, possíveis relações de vizinhança e coletivização, e a potencial flexibilidade de alguns espaços.
O trabalho desenvolvido propõe-se a estudar o problema da 'Habitação para população sénior' na região da própria Escola: o Minho; e as soluções imaginativas e pragmáticas, que tratarão as diversas necessidades de 'Habitação dos residentes em Los Angeles', incluindo famílias, profissionais sozinhos e casais.
FORMAS do verbo HABITAR
Paula Trigueiros e Soraia Teixeira
Hoje a habitação tem configurações muito diversas das do passado, em face de outras tantas transformações e circunstâncias: a residência temporária ou partilhada relacionada com mudanças da conjuntura sócio-económica, o nomadismo profissional e também para fazer face aos fenómenos migratórios e outras situações de emergência. Enfim, há inúmeras configurações e desafios que sugerem abordagens inovadoras! O trabalho desafiou os estudantes de design a explorarem ideias que vão ao encontro dos desafios das novas FORMAS DO VERBO HABITAR. O desenvolvimento das soluções estava limitado à utilização de uma placa de 60x150 cm de MDF.
CASAS ENTRE CASAS, no BAIRRO DO LEAL (PORTO)
Carlos Maia, Ana Luísa Rodrigues, Filipe Silva
O principal objetivo de Projeto III visa estudar o tema da habitação unifamiliar. Aqui procura-se entender a relação que existe entre as formas de viver, os diferentes pensamentos contemporâneos e as formas da casa, assim como os vínculos entre as formas de pensar e o projeto; incentivando uma atitude crítica, enquanto instrumento operativo de apoio ao projeto. Assim, o presente exercício propõe a construção de um complexo de habitações unifamiliares no interior de um quarteirão da Baixa da Cidade do Porto, conhecido como o “Bairro do Leal”. Para tal, definiu-se numa estrutura regular de muros, com a mesma dimensão e equidistantes, que definem lotes idênticos (14mx5m) e organizam a malha regular do quarteirão, caraterizada a partir do conjunto de habitações em banda. Cada módulo é delimitado por duas paredes laterais cegas e duas fachadas em contacto com o exterior, com acesso direto à rua.
MAIS DO QUE CASAS
Eduardo Fernandes, Francisco Ferreira, Rute Carlos
Projeto IV tem como tema central a habitação coletiva; ao longo do semestre será desenvolvido um único exercício, estruturado em três fases; pretende-se que este trabalho constitua uma oportunidade para refletir sobre o papel dos arquitetos na resolução das graves lacunas de habitação que afetam hoje o nosso país, trabalhando propostas realistas de alojamento que sejam, simultaneamente, económicas e sustentáveis, sem que isso prejudique a qualidade dos espaços criados. O programa fornecido é baseado numa ideia de desconstrução e remontagem das componentes programáticas da Unidade de Habitação de Marselha, de Corbusier (1945-1952). Nesta remontagem, os conteúdos programáticos devem ser distribuídos por 10 volumes com leitura formal autónoma. O terreno proposto situa-se na cidade de Guimarães e é uma área central, situada a apenas 400 metros da praça do Toural. Parece-nos apropriada a escolha deste local para o projeto Mais do que Casas, porque configura uma ideia de “direito à cidade” (Henri Lefebvre, Le Droit à la ville, 1968) que nos parece indissociável da resposta ao problema abordado: entendemos que a promoção de habitação acessível não tem de ser sinónimo de localizações periféricas.
UNRAVEL THE HOUSE
Ana Luísa Rodrigues
Atelier 2C - Manifestos e Utopias enquadra-se na linha da Cultura Arquitetónica do 4º ano do MiArq _EAAD que se encontra estruturada na procura individual das formas de habitar, visando uma exploração abrangente e menos convencional do projeto, contribuindo para uma maior compreensão da amplitude temática que envolve a casa. O exercício divide-se em três atos: Ato 1: trabalha um TEMA que sustenta todas as opções do projeto, (re)pensando o conceito CASA, aprofundado a partir da compreensão de cada elemento que a compõe a partir da identificação da relação forma|função, caracterizada na ação que atua em cada espaço (dormir, estar, comer, descansar, etc…), no âmbito de uma vivência quotidiana registada na nossa realidade contemporânea, identificada a partir dos cinco sentidos humanos: VISÃO; AUDIÇÃO; OLFATO; PALADAR; TATO. Ato 2: How To Grow Your NO, pretende identificar um MANIFESTO, ou seja, um conjunto de valores, inquietações e requisitos que argumente um ponto de vista, assumindo uma consistência intelectual resultante de uma reflexão pessoal sobre a relação entre a casa e a vida quotidiana, devendo exprimir, de um modo livre e experimental, a sua ideia crítica. Acto 3: If The House Fails To Proceed, pretende que o aluno elabore um projeto de uma Casa Utópica, sustentado na declaração das razões e intenções que se justificam nas contrariedades do Manifesto, elaborado anteriormente (Ato2), já consciente da descodificação temática decifrada no ato 1.