FAAULL
Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada de Lisboa
A Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada - Lisboa integra o programa 'Mais do que Casas' com duas propostas de trabalho (Unidades Curriculares) do Mestrado Integrado em Arquitectura – Projecto I e Projecto II - e de um workshop com coletivo Os Espacialistas, que irão envolver toda a comunidade académica.
Da cidade à unidade, propomos pensar diferentes escalas do habitar contemporâneo, contribuindo para uma reflexão crítica sobre o tema.
Ideas
“Paisagem de desistências”- num fragmento de cidade ao abandono, refigurar o seu sentido desde o habitar privado da casa contemporânea, na insistência na vida de bairro
Ricardo Zúquete, Carlos Lampreia, Alexandre Marques Pereira
HOUSE ONE: “ALUGA-SE” Reflexão crítica sobre a experiência e a compreensão do espaço da casa e da domesticidade contemporânea; Ensaio sobre a composição de duas casas e a “vida de bairro” - Ajuda, Lisboa. “Sou feito das ruínas do inacabado e é uma paisagem de desistências que definiria o meu ser.” Fernando Pessoa
Rio Seco, em Lisboa
Helena Botelho, Ana Magalhães, Bernardo Manoel
Este trabalho está inserido no programa da unidade curricular de Projecto II, do 4º ano do Mestrado Integrado em Arquitectura e propomos: pensar e discutir criticamente os temas da área urbana do rio Seco, em Lisboa e a sua relação com a cidade e produzir uma análise interpretativa a partir dos factores físicos, históricos e culturais estudados. Este trabalho irá determinar o Lugar ou Lugares com vocação para a implantação do programa proposto – um programa de Habitação, suporte de estruturação urbana. Da unidade de habitação e suas tipologias, ao espaço público, este trabalho pretende encontrar soluções arquitectónicas para um habitar contemporâneo, resolvendo ainda do ponto de vista urbano, problemas específicos de relação da área de estudo com a cidade de Lisboa.
O problema da casa... Nove espécies de casas para o corpo mais próximo
Os Espacialistas
À medida que as formas tradicionais de ocupação do espaço público se deslaçaram, a casa, a forma maior da liberdade humana transformou-se numa espécie de espaço em vias de extinção. Fomos expulsos de casa à medida que as palavras que a habitavam foram sendo desalojadas das ligações que nos mantinham nas imediações do corpo de cada um. À medida que deixamos de conversar na presença uns dos outros, convictos de que ganhávamos liberdade, perdíamo-la. Habitar deixou de ser conversar e criar ligações, relacionar-se com os sonhos e os desejos de quem mora na mesma casa, ou na casa ao lado. A casa passou a ser apenas um contentor de não-lugares corporais, próximos de tanta distância. As casas e todos os ecossistemas afectivos que lhes dão sentido, deslaçaram-se em nome da liberdade individualista, onde cada um passou a ter casa própria dentro da mesma casa, repleta de pontos de vista pessoais e grupistas sobre tudo e todos. Tornamo-nos estrangeiros entre nós à medida que as palavras deixaram de reflectir as casas que nos reuniam. Simplificamo-nos. Os Espacialistas propõem-se pensar com os estudantes de arquitectura, através de um conjunto de práticas de espaço, a desenvolver ao longo de vários dias, de que modo as palavras que nos habitam são casas, de que modo a casa é o lugar de onde cada um de nós fala e tem direito a ela. Só através da reabilitação dessa vocação de espaço de encontro das palavras podemos pensar a falta de casa em todas as suas dimensões reais e imaginárias. Vamos partir à procura de 9 propostas de habitar contemporâneas, tantas quantas as aberturas anatómicas do nosso corpo (que nos ligam ao interior-exterior do espaço e ao corpo dos outros), convictos que das palavras e das coisas nascem casas, que o problema da casa é antes de tudo reflexo da crise das palavras poéticas e políticas que criam os lugares humanos que todos habitamos e que deixamos de exercitar colectivamente como forma experimental da Liberdade. Deixemos as casas falar; “Oh as casas as casas as casas...” só a partir delas podemos habitar a Liberdade. “Oh as casas as casas as casas...”, poema de Ruy Belo. Os Espacialistas, 2023