UA

A Universidade de Aveiro, Departamento de Engenharia Civil, propõe a sua colaboração no contexto do projecto Mais do que Casas, sob o tema 'Novas exigências funcionais e materiais em casas para habitar'.

A complexidade das necessidades futuras tem uma diversidade de camadas que se interligam e tornam desafiante pensar no modo como todos devem habitar em 2074. Desde expectáveis mudanças que já se começam a sentir como o uso da casa para teletrabalho, a diversidade de unidades familiares, a integração das necessidades duma população mais idosa, a integração de novas culturas, a inevitabilidade do uso crescente da tecnologia cada vez mais associada ao habitar, a exigência de sustentabilidade e mudanças significativas no clima, há uma variedade de elementos que vão criar mudanças inevitáveis.
Atualmente, imersos numa crise habitacional, num país com o interior construído, mas desertificado, inseridos numa tradição de baixa manutenção do parque habitacional e com um clima “ameno”, mas que gera desconforto e problemas de saúde devido à pobreza energética, é particular o nosso problema.
Precisamos de conhecer melhor o parque edificado existente e as condições de habitabilidade que proporciona atualmente. Perceber o que significa realmente área por habitante e/ou conforto térmico. Há que partir do existente para projetar o futuro. Antevendo, com base nas tendências atuais, as exigências que esperamos proporcionar nas habitações, a UA propõe uma reflexão sobre as necessidades de intervenção no presente (diverso) de forma a atingir um futuro com casas ocupadas por habitantes satisfeitos. Aqui, não cabem os conceitos estritos de conforto térmico e de gasto energético, mas antes uma abordagem conciliadora entre a sustentabilidade e o conforto, exigindo um modo de habitar digno mas também assente no respeito pelo planeta no qual habitamos, pressupondo equilíbrios constantes.

Esta proposta assenta, assim, numa base tripartida:
. ligar o ensino às necessidades da habitação futura (compreendendo a relação arquitetura/engenharia e a sustentabilidade);
. trabalhar a adaptabilidade às necessidades futuras do parque existente;
. pensar (em conjunto) no risco associado às habitações atuais (incluindo riscos para a saúde), dotando as intervenções de condições que cumpram o binómio conforto/sustentabilidade.

Em termos de ações concretas, propomos então:
. mudar de forma continua e com a interligação com parceiros, os conteúdos de três unidades curriculares: Introdução à Engenharia Civil, Materiais de Construção I e Materiais de Construção II;
. realizar um projeto de 1º ano que perspetive a evolução de alguns componentes da habitação em Portugal, o seu significado em termos de habitabilidade e a sua transposição para o futuro
. realizar uma tese de Mestrado com o objetivo de avaliar possibilidades de adaptação do parque existente, utilizando alguns exemplos atuais (incluindo habitações costeiras, habitações rurais e habitação social);
. proporcionar momentos de discussão dentro da universidade e inter-universidades, aliando a componente técnica a contributos diferenciadores