Mais
do que
Casas

FAAULN – Famalicão

Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada Norte | Vila Nova de Famalicão

Respondendo ao desafio do programa Mais do que Casas, a FAAULN de VNF propõe refletir com os estudantes sobre a temática do habitar testando dois diferentes níveis de experiências projetuais: a cidade como palco para inúmeras perspetivas de investigação sobre o Direito à mesma, e os territórios rurais peri-urbanos como hipótese de construção de novas vizinhanças.

Foram, para tal, convocadas as unidades curriculares de Arquitetura II (2º ano) e de Projeto III (5º ano), respetivamente, do Mestrado Integrado em Arquitetura, tendo em consideração os seus programas pedagógicos e objetivos curriculares.

Propostas de Trabalho

Experiência #1 | Habitações para o maior número | ensaios sobre lugares em pausa em contexto urbano

Maria Tavares
Ricardo Freitas
César Moreira

O título proposto – Habitações para o maior número – é igualmente o título de um ensaio de Nuno Teotónio Pereira apresentado originalmente, em 1969, no Colóquio de Urbanismo no Funchal e, posteriormente, revisto e publicado na revista Arquitectura, conduzida pelo então jovem e dinâmico Nuno Portas. Neste ensaio, Nuno Teotónio Pereira organiza um balanço sobre o problema português da habitação, assinalando o cerne da discussão no carácter progressivo da carência. Este urgente debate sobre a habitação, enquanto desígnio para os arquitetos, foi sendo pretexto para se revelarem importantes inovações programáticas e espaciais, dando ênfase à habitação plurifamiliar no ensaio de novas formas de habitar. O conceito de mínimo, no presente contexto, teve direito a diferentes interpretações e aplicabilidades e tem perdurado em inúmeros programas habitacionais. Se, por um lado, respondeu à necessidade da construção para massas, por outro, podemos seguramente associá-lo ao paradigma social e familiar que vivemos na contemporaneidade quando continuamos a reclamar o Direito à Cidade e, consequentemente, à casa condigna. Hoje e no contexto específico de uma arquitetura explorada no universo académico, 54 anos depois, Habitações para o maior número constitui-se como uma preciosa reflexão sobre o que tem sido a cultura do habitar, mas ainda mais como uma possibilidade de confronto com a Cidade de Mistura e Sobreposição, como Inês Lobo nos revela a cidade do agora. Concentramo-nos no contexto específico da cidade de Vila Nova de Famalicão, beneficiando das formas peculiares da sua morfologia. Os inúmeros atravessamentos que permanecem pelos interiores dos quarteirões, permitindo percursos variados, oferecem à cidade dinâmicas próprias. O que outrora foram centros comerciais com compromissos coletivos e que coloriam uma cidade retratada ainda a preto e branco, convocamos hoje para o debate sobre estratégias de ocupação do espaço na cidade que reclamamos para habitar. Consideramos que estes vazios urbanos se constituem lugares em pausa, repletos de memórias e prontos para acolher novas oportunidades de um habitar em resposta aos desafios do tempo e do carácter progressivo da carência, indo ao encontro das reflexões de Nuno Teotónio Pereira. Mais do que propor novos modelos de habitação, é importante que se teste diferentes estratégias de composição que respondam à enorme diversidade que a cidade acolhe neste tempo de urgência.

Experiência #2 | SMILE | Visões para o habitar em territórios rurais peri-urbanos

Rogério Amoêda
Maria Tavares
Carla Carvalho

Se a aglutinação da ruralidade pela urbanidade sustentou e explicou a história expansionista das malhas urbanas, o adensar populacional nos centros urbanos incrementa a pressão imobiliária sobre os territórios rurais peri-urbanos. Os modelos de gestão territorial tardam a encarar a regeneração do sentido identitário da urbanidade, no facilitismo que é a descaracterização paisagística e a perda irremediável de um património humano e ecológico. SMIILE (Sustainability + Mobility + Inclusivity + Low-Cost + Evolutive) pretende apelar ao positivismo, lançando um desafio à liberdade, à diversidade, à redenção ecológica, na partilha possível da ecosfera e da tecnosfera. Parte-se em busca de imaginários para uma utopia da paisagem rural peri-urbana, desejando interligar os ecossistemas e a “velha urbanidade”, o habitar individual e o habitar na vizinhança, fazendo convergir a realidade e a virtualidade do espaço em que habitaremos.